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sábado, 19 de junho de 2010

O Sabor de Uma ironia

-Quindim?!
O sorriso sumiu do rosto de Elô, dando lugar a uma expressão desconhecida de preocupação. " Era só o que faltava! Onde já se viu..."
-O que foi, Elô? Você não gosta de quindim?
-É o meu doce favorito, amor.
ELe sorriu.
-O meu também. Coincidência...Então, por que você fez essa cara?
Ela se ajeitou no sofá da sala. Deu de ombros.
-Você disse que se eu fizer um quindim, aparece aqui em casa amanhã mesmo com as alianças, me pedindo pra casar. Isso é sério?
Ele riu.
-É. Qual é o problema? Você não me ama?
-Você sabe que eu te amo, mas casamento é coisa antiga, ultrapassada. Eu sou moderninha.
-Bom, promessa é promessa. Agora eu tenho que ir. Te ligo assim que chegar em casa, tá?
Ela concordou com a cabeça, pensativa.
-E, Elô, não esquece que eu te amo muito.
-Eu também te amo, meu bem.
Se beijaram e ele se foi.
Elô correu desesperada até a cozinha onde sua mãe descascava batatas.
-Mãe, mãe!...
A mãe de Elô se assustou.
-O que houve? Pare de gritar!
-Você sabe fazer quindim?
A mãe quase se engasgou.
-O quê?! Quindim? ELoísa, você enlouqueceu de vez?
-Não, é porque eu quero aprender a fazer quindim.
-E eu posso saber o porquê?
ELô sacudiu a cabeça, confusa.
-Sabe fazer ou não?!
-Eu não sei fazer doces, Elô. Nem eu, nem sua avó...
Pânico.
-É... Acho que eu vou fazer um curso de culinária então.
-Por quê?
-Deixa, deixa...
Foi para o quarto e começou a ligar para os cursos de culinária. Especializados em doces, claro. Quindins, especificamente. Era moderninha, mas nem tanto.

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