Ele a amava. Ela o amava. Os dois precisavam um do outro loucamente, mais que tudo. Haviam se apaixonado e, desde então, não sabiam mais como era viver um sem o outro. Podia acabar o mundo, mas enquanto estivessem juntos, seriam fortes o bastante para suportar qualquer coisa. Discutiam sobre tudo, de filosofia à futebol. Ela queria estar à altura dele. Ele queria o mesmo.
Mas no Dia dos Namorados, ele resolveu dar um presente para os dois. Um presente diferente, ousado, proveitoso. Resolveu levá-la à um motel cinco estrelas, perto do barzinho favorito deles. Tomariam uma birita e ele, claro, fumaria uns três cigarros, enquanto ela o observaria em silêncio, alternando entre olhar para ele e para o chopp. Ela amava beber, mas ela o amava mais que isso. Passaria a vida toda sem uma gota de álcool, mas não sem ele.
Dentro do carro a caminho do motel, ela perguntou com um riso nos olhos:
-Onde iremos hoje? No Bar do Seu Zé?
Ela tinha um olhar quase ingênuo, mas ele a conhecia bem demais para saber que era só uma ligeira impressão. Impressão errada, certamente.
-Não, não iremos ao Bar. Você queria beber?
Ela riu, como se ele tivesse feito cócegas.
-Eu quero beber todos os dias, mas não hoje. Hoje eu não serei do álcool. Serei só sua, como deve ser.
-Fico feliz em ouvir isso. De verdade… Então, hoje você é só minha?
-Nos outros dias também, meu amor. Estava brincando…
-Quero te levar em um lugar diferente.
-Se eu estiver com você, vou à qualquer lugar.
Ele parou o carro na frente do motel. Ela abriu a janela, sorriu e perguntou:
-Lugar… Diferente?
-É. Mais ou menos.
Ela concordou com a cabeça. Estava um pouco constrangida, mas fazia de tudo para agradá-lo. Ele alugou uma suíte de luxo, bem decorada, com champanhe e morangos, fruta favorita dela. Ela observava tudo em silêncio. Ele disse que estava suado e que gostaria de um banho. Ela sorriu maliciosamente, dizendo:
-Posso ir com você?
Ele a puxou pela cintura e a beijou intensamente. Ela tirou o cinto da calça dele, suas mãos passeando pelo corpo que ela tanto amava. Cada detalhe, cada gesto. Ele tirou sua camisa delicadamente. Ela o queria mais que o ar. Precisava dele todo o tempo, nunca havia se sentido tão dependente de alguém em toda a vida. Nunca.
Eles tomaram banho quase que em silêncio; só podia se ouvir o atrito dos corpos ao se tocarem. Ela estava feliz, radiante, completa. Ele também. Saíram do banheiro sorrindo, ainda em silêncio. Sentaram-se na cama, beijando-se loucamente. Ela, dando morangos em sua boca, enquanto ele bebia champanhe. Ela odiava champanhe. Talvez por isso a idéia de trazer o vinho tinto na bolsa. Bebeu direto na garrafa, sentiu o efeito do álcool na hora. Ela suspirou e disse:
-Estou feliz de estar aqui com você.
Ele sorriu, a beijou e disse:
-Ah, é? Acho que eu estou mais feliz… Não gostou da ideia de vir aqui?
-Bom, não sou muito fã de motéis. Não mesmo.
-Eu só quero te fazer feliz.
-Eu quero o mesmo.
Ela o beijou e eles fizeram amor durante longo tempo. Depois de algumas horas, eles foram embora. Ele, já sob o efeito do champanhe, disse:
-Acho que eu não posso dirigir bêbado.
Ela sorriu, e disse:
-Vamos deixar o carro num estacionamento. Amanhã você vem e pega. Mas antes… Vamos beber no Seu Zé.
Tomaram uma birita e ele, claro, fumou uns três cigarros, enquanto ela o observou em silêncio, alternando entre olhar para ele e para o chopp. Mas dessa vez o chopp podia esperar.
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