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domingo, 30 de maio de 2010

Términos e outras ironias

A chuva caia torrencialmente, naquela noite. Sofia pressentia que o fim estava próximo. O fim do seu namoro com Tiago. Ela acordara com aquela sensação ruim e permanecera com ela durante todo o dia.E agora, lá estavam eles, com aquele olhar temeroso.
Tiago a observou por alguns segundos. Ele a amava, mas a relação dos dois era insustentável. Por mais que se amassem, por mais que quisessem estar perto um do outro, ele sabia que o melhor era estarem afastados.
-Sofia, eu...Eu te amo.
Ela estava aflita. Nunca imaginou que fossem terminar. Ou nunca quis imaginar. Tiago sempre dizia a ela que enquanto estivessem juntos, seriam fortes. E naquele instante, ela se sentia fraca, vulnerável. E o pior: sozinha.
-Tiago...
Ele a interrompeu. Estava sofrendo, mas não demonstrava.
-Você acha que o nosso namoro está como antes?
Ela o olhou nos olhos.
-Acho. (pausa) Não...
Ele tentou resumir o que sentia, mas não deu certo.
-Amor, nós não podemos nos ver, nem nos falar. Eu me sinto mal por isso. Então o que nós faremos?
Sofia não estava conseguindo acreditar. Se sentia mais leve, mesmo tendo que tomar uma decisão difícil. Aliás, uma decisão que já fora escolhida.
-Tiago, é assim que se termina?
Dolorosamente, ele disse:
-Não sei, acho que é.
Sofia assentiu com a cabeça. Sorriu para ele.
-Está tudo bem, nós somos amigos.
Ela o amava demais para ficar chateada com ele. Simplesmente não conseguia odiá-lo. Mas ainda o considerava um fraco. Completamente paradoxal.
Ele olhou em seus olhos, desconfiado.
-Está tudo bem mesmo ou você está se fazendo de forte?
-Eu sou forte. Não vou chorar mais. Estou cansada.
Sofia se despediu dele. Quando já estava perto da porta, ele disse:
-Eu te amo, tá?
Ela preferiria que ele tivesse dito: "eu te odeio; nunca mais quero te ver!". Seria mais fácil esquecê-lo, por mais que fosse mentira Mas isso já não importava. Nada mais importava.
Saiu da casa dele correndo, deixando que a chuva a consolasse. Infeliz decisão. O máximo que conseguiu foi um resfriado. Mal curado, por sinal.
O amor tem dessas coisas. Não escolhe as "vítimas", apenas surge ao acaso. Cresce dentro do coração e, quando vai ver, já está como erva daninha, dominando os sentimentos. Quando acaba, deixa marcas. Ou somente um resfrado mal curado. Tanto faz.

Kayla Z. Tharän

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