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terça-feira, 7 de setembro de 2010

O outro lado do sonho

Era sempre louco com ele. Na verdade, ele a deixava louca de desejo. O mundo poderia acabar naquele instante, mas estavam juntos e talvez isso tornasse tudo tão perfeito. E foi assim naquele dia. Os pais dele haviam saído. Estavam sozinhos em casa como sempre acontecia. Mas aquele final de semana em particular tinha algo de misterioso, ao mesmo tempo em que incendiava os pensamentos dela. Ela estava tranqüila, até ver no computador dele fotos de amigas. Não tinha nada demais. Mas ela era ciumenta e insegura, uma combinação destrutiva. Chorou, esperneou, gritou.
Acabaram na cama. Resolviam os problemas desse jeito. Mas talvez a raiva dela tivesse dado ainda mais tesão ao momento. Os corpos se enroscando junto ao edredom, o suor descendo dos corpos de forma quase sincronizada. A excitação era tanta que ela gritava de prazer.
Mas tudo acaba. Ouviram um som estranho, seguido de uma batida na porta. Era o pai dele. “Vocês podiam ter fechado a porta...”
Céus..! Ela ficou atônita, levantou correndo, vestiu uma roupa. Com o susto ela havia cravado as unhas em seu amado. Ele gemia baixo de dor. Depois de algum tempo, começaram a rir da situação. “Sorte que a sua mãe não ouviu”. Ele ria. “É, ela não está aqui. Menos mal”.
Menos mal. Se beijaram de novo, fizeram amor. Fizeram amor loucamente, só que sem gritos dessa vez. Deitaram exaustos na cama. Alguns minutos mais tarde, uma batida na porta. Era ela.
“Vocês não pensam?!? E se eu entro com uma criança aqui? Que situação..! A mocinha não virá mais aos finais de semana...Você é um irresponsável...Você deve refreá-lo...” Tudo ficou confuso. “Que humilhação, que vergonha...”. Provavelmente ela havia ouvido. Mas pelo susto e raiva não deve ter entrado em casa.
Ela ficou de cabeça baixa como uma criança que sabe que cometeu um deslize. Ele, ao contrário, olhava fixamente à mãe, como se tentasse entender o porquê de tanta reclamação. Houve um silêncio assustador. Ela estava retraída demais pra falar.Ele a abraçou.
Ficariam sem se ver, talvez. Ela não iria mais a casa dele, a vergonha a perturbava. Mas, em momento algum, deixaria de se amar loucamente. Loucamente... Da próxima vez, seriam mais cautelosos. E sem gritos.

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